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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Memória Literária: Como nos velhos tempos ( 8º ano C)

Como nos velhos tempos
(Aluna: Taynara Leszcgynski)

Os momentos passam, as pessoas se vão, a vida muda, o progresso aumenta, e de minha tão amada época só ficaram lembranças. Minha casa era pequena, um berço de humildade, construída com madeira lascada de pinheiro, não existia energia elétrica, tínhamos apenas um lampião de querosene. Éramos pobres, mas vivíamos num lar feliz, apesar das dificuldades em até conseguir o que comer.
No quintal havia um paiol onde guardávamos o pilão, feito de um tronco de madeira maciça escavada, onde socávamos amendoim para fazer paçoca. Tinha também o monjolo d’água e a jorna, que usávamos para fazer farinha e quirera.

Sempre após as chuvas minha mãe ia plantar na horta. Eu a acompanhava, levando a enxada, para ajudar a capinar. O cheiro de terra molhada e o azul do céu se misturavam com as cores dos ipês, despertando magia, e formavam uma aquarela de fantasia, que tomava minha mente e fazia de mim um pássaro, um menino livre, pronto para realizar meus sonhos.
Mal via a hora de chegar o domingo, reunir meus amigos, esquecer do mundo e brincar.Nossas brincadeiras eram simples, porém muito divertidas. Brincávamos de trilha, búlica, esconde-esconde, pular corda, lenço atrás, peteca feita com pena de galinha e palha de milho, bocha com bola feita de tronco de varaneira e carrinhos feitos de tabuinhas.
Às vezes meu pai e minha mãe iam passear à casa de meus avós. Eu e meus irmãos íamos junto. A viagem durava o dia inteiro, o percurso era longo, a estrada, cercada por uma bela mata ainda pura. Quando a escuridão já tomava seu lugar, chegávamos. A lua clareava o céu, meu pai fazia uma fogueira no meio do terreiro, eu e meus irmãos puxávamos uns bancos e sentávamos todos em volta da fogueira, observando as estrelas e escutando as piadas, prosas e causos contados por meu avô.

Quando alguém adoecia, minha avó preparava seus chás; se não estivessem fazendo efeito, meu pai calçava alpargatas e esporas, colocava os arreios no cavalo, e saía a galopar em busca de curandeiros ou benzedeiras. Para ir mais rápido, ele e seu tordilho iam pelos carreiros do meio da mata, percorriam longos caminhos até chegar ao destino.
Em meio a tantas dificuldades, até hoje moro na cidade de Santa Maria do Oeste, as barreiras aos poucos foram sendo enfrentadas e, com muita luta, vencidas.
De minha juventude, recordo-me bem; jogava truco e pife nos torneios. Nos bailes, chimangos e quermesses podiam se ver todos os rapazes e as mocinhas embalados pelo vaneirão e fandango. Eu tocava gaita, sanfona, fazia chorar a viola, fazia gemer o fole da cordeona. Minha felicidade era ver a animação do povo, cantando, dançando, divertindo-se.

Hoje minha alegria é sentar no banco da varanda e tomar meu chimarrão. O vento assovia e traz a saudade que me faz lembrar de minha querência, de minhas raízes, de minha religião.
Lembranças que estavam adormecidas aos poucos vão despertando e renascendo em mim como em um filme. A magia se mistura com a saudade e por um instante sinto como se ainda fosse criança. Mas eis que um forte impulso me puxa. É a realidade que me avisa: “O passado não vai voltar”. Vejo então que toda essa fantasia é fruto da imensa saudade queteima em me perseguir.
E, como dizia uma velha música, “meu chapéu é de palha, meu chicote é de couro. Sim, sou caipira filho de canarinho, neto de sabiá”. Guardo essas minhas histórias em minha memória dentro de meu coração, pois espero que nossa cultura não morra e que se renove de geração para geração. Coisa rara em meio a tantas evoluções. Só desejo que o progressonão mate nossos sentimentos, nem domine nossos corações.

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. José Leszcgynski, 66 anos.)
Professora: Julieta Maria Cartelli Simon
Escola: Colégio Estadual José de Anchieta  Cidade: Santa Maria do Oeste – PR

Após ler o texto, responda:


a)-  De quem é a história contada nesse  texto?
_

3.  Como era o lugar onde essa pessoa passou sua infância? Em que cidade e estado ficava?

4. Apesar da pobreza,  o menino  era feliz e tinha sonhos? Retire do texto um  trecho que justifique essa afirmativa.

5.O domingo era um dia especial, por quê?

6. Na visita aos avós, qual momento era especial para toda a família?

7. O que sabemos sobre a juventude do narrador?

8.No texto o narrador fala de uma vida cheia de lutas, mas também sobre suas alegrias ou felicidade. Cite dois motivos de alegria para cada etapa de sua vida:


9.Relacione o penúltimo parágrafo com o título.



memória literária ( 8º ano)

“Com um pouquinho de entusiasmo e incentivo, qualquer um chega a qualquer lugar...”

TENTAÇÃO
            Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
   Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento.
 Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
  Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
   Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro. 
A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam. Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
   Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.  Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos. 
No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.   Mas ambos eram comprometidos.
Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos,


numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.
   Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.
(Conto extraído de LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.)

1º) Após ler o texto, responda:

a-  Quem são as personagens principais? O que elas têm em comum?
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b-  O que a menina fazia sentada na porta de casa, às duas horas da tarde?
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c-  Onde se passa a história? Retire do texto uma frase que apresenta uma característica marcante do cenário.
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d- De acordo com o texto, como a menina se sentia em relação a outras pessoas? Retire do texto uma frase para justificar sua resposta.
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2º) Assinale apenas a alternativa correta de cada questão:

I . “Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.” O que a menina suportava?
Indique a alternativa que melhor responde a questão:

(a) a pessoa que esperava o bonde   (b)  a bolsa velha        (c) o calor e a solidão             (d) sua mãe

II.  “O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida.” Do que a bolsa a salvava?
(a) do calor excessivo                               (b) da solidão, já que a bolsa era sua companhia
(c) das brigas com a mãe                         (d)  do homem que esperava o bonde

III.  No texto, quem é o narrador?
( a ) a mãe                                                                                 (c) alguém que não presente na história
(b ) alguém presente na história, mas sem participar muito      (d) a menina ruiva

3º) Retire  do texto o que se pede:
a) um trecho em que se percebe a presença do narrador como personagem.
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b) O que o narrador fazia naquele lugar ?
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4º))Pode-se dizer que o narrador se identifica com a menina? Por quê?
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5º)) O cão basset provoca uma mudança na cena inicial. Qual a reação da menina e do cão quando se veem ?


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6º) “Mas ambos eram comprometidos.” Segundo o texto, com o que eles eram comprometidos ? O que isso pode significar?
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7º) Considerando a reação da menina e do cão quando se encontram e a resposta à questão 06, o que o título TENTAÇÃO pode indicar?
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8º) Qual é o tema central do texto?
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 9º) Retire do texto:

a) Duas orações formadas com sujeito simples.
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b) três orações formadas por predicado verbal.
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 c) Duas orações formadas por predicado nominal

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simulado 9º ano ( Crônica e O.S. Adjetiva)

                             

"O desejo vence o medo, atropela inconvenientes e aplana dificuldades." Mateo Alemán  Perder Barriga                     
  Os  namorados da filha

Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua juventude. Homem avançado,  esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.
             Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado: ─ Mas aqui em casa.
Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar? Perfeito.
            O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.
Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
Breve, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha. Os namorados começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na mesa do café da manhã, era namorado. Às vezes, também acontecia ─ ah, essa próstata, essa próstata ─ que ele levantava à noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.
Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou-o:  ─ Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua  E foi deitar. Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.
              ─ E o rapaz? ─ perguntou o pai.
   ─ Que rapaz? ─ disse ela.
Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, faltava a máquina fotográfica, faltava a impressora do computador. O namorado não
era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela propriedade alheia.
             Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã. (Moacyr Scliar)
01.  O texto acima trata-se de uma crônica. Assinale a alternativa que conceitua esse gênero adequadamente:
a-    (     ) A crônica é um gênero textual que tem por objetivo convencer os leitores de algo.
b-    (    ) A crônica é uma forma textual no estilo de descrição que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. 
c-    (    ) A crônica é uma forma textual no estilo de dissertação que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. 
d-    (    ) A crônica é uma forma textual no estilo de exposição que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. 
e-    (   ) A crônica tem como estilo uma narrativa breve, sem aprofundamento da análise, com abordagem reflexiva, subjetiva e comunicativa, que conta ou comenta histórias da vida cotidiana.

02.  O tema retratado na crônica é:
a-    (    ) As fases da vida da filha.
b-    (    ) A adolescência.
c-    (    ) a rigidez do pai
d-    (    ) O namoro na adolescência.
e-    (    )  A falta de segurança do país.
03.   Qual é o tipo de crônica escrita por Moacyr Scliar? 
a-    (    ) reflexiva 
b-    (    ) lírica 
c-    (    ) crônica-ensaio 
d-    (    ) Narrativa com traços humorísticos
e-    (    )  Argumentativa

04.  Todos os personagens abaixo participam da história, EXCETO:
a-    (    ) O pai e a filha e os namorados Rodrigo, James.
b-    (    ) O pai, Melissa e os namorados.
c-    (    ) O pai, a filha e seu namorado.
d-    (    ) O pai, Melissa, Tato e Cabeça.
e-    (    )  N.D.A ( Nenhuma Das Alternativas).

05.   Essa crônica contém elementos predominantemente narrativos. Assinale a alternativa
Que apresente o elemento da narrativa INCORRETA:
a-      (   ) Situação inicial: A filha conhece o namorado e quer sair com ele.
b-      (   ) Conflito – o sumiço do namorado e a descoberta da inconstância da filha.
c-      (   ) Clímax – o encontro no corredor entre o pai e o rapaz.
d-     (   ) Desfecho – o pai descobre que o rapaz no corredor era ladrão e não o namorado.
e-      (   ) Situação inicial: A filha comunica ao pai que vai dormir com o namorado
06. Qual o período em que há oração subordinada adjetiva restritiva?

a- (   ) Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado (...)
 b- (   ) Sou favorável a que o expulsem.
 c- (    ) Desejo-te isto: que sejas feliz.
d- (   ) O aluno que estuda consegue superar as dificuldades do simulado.
e-(   ) Lembre-se de que tudo passa neste mundo.

07. Na frase: “Quando a filha  que era adolescente anunciou que ia dormir com o namorado”  a oração subordinada é: 
a- (   ) subordinada  adjetiva explicativa
b- (   ) subordinada substantiva predicativa
c- (   ) substantiva completiva nominal
d- (   ) subordinada substantiva apositiva
e-(    ) subordinada  adjetiva explicativa
08. Na frase: "Lembro-me de que ele só usava camisas brancas." A oração sublinhada é:
a- (   ) subordinada substantiva Objetiva direta
b- (   ) subordinada substantiva objetiva indireta
 c- (   ) substantiva completiva nominal
d- (   ) subordinada substantiva apositiva
e-(    ) subordinada substantiva subjetiva

09.   Há no período uma oração subordinada adjetiva:
a) -(    ) Ele falou que compraria a casa.
b) -(    ) Não fale alto, que ela pode ouvir.
c) -(    ) Vamos embora, que o dia está amanhecendo.
d) -(    )  Em time que ganha não se mexe.
e) -(    ) Parece que a prova não está difícil.

10-  Classifique cada oração destacada e marque o item que possui a seqüência correta dessa classificação.
I.       O jovem que se esforça progride.
 II.      O livro que li é muito bom.
III.     Teresa, que era personagem principal, morre no final da história.
a)      Restritiva — Explicativa — Explicativa
b)      Restritiva — Restritiva — Explicativa
c)       Explicativa — Restritiva — Restritiva
d)      Explicativa — Explicativa — Restritiva
e)       Restritiva — Explicativa — Restritiva