Quando se fala de crimes e violência
urbana normalmente nos referimos aos atos em desacordo com o
chamado senso comum, que varia com a localidade, ou em desacordo com as
leis divinas, se você é religioso. Os atos ilegais vão de um simples avanço de
sinal de trânsito, até crimes hediondos cometidos contra outros seres humanos.
Os atos mais simples normalmente passam despercebidos por nós e pelas
autoridades em função do crescimento de atos hediondos.
Mas não lembramos que todos os atos
de violência têm um ponto comum e uma origem principal, os seres humanos, as
pessoas. Sim, o principal autor, culpado e vítima é a pessoa. Os seres humanos
são egoístas, violentos, gananciosos e orgulhosos. Com isso, eles pensam
primordialmente em seu bem estar, em tirarem vantagem, em demostrarem
superioridade em relação aos outros, em terem mais que os outros, em fazerem o
que querem, como querem e quando querem, mesmo que isso implique em
desrespeitar os direitos dos outros. Assim os desrespeitos mais simples são
considerados irrelevantes de tanto que se repetem, e apenas os erros mais
graves ou chocantes são condenados. Aí está a base para a crescente degeneração
do tecido social.
O crescente desrespeito as regras
básicas de convivência nos leva a uma degeneração da qualidade de vida, a
destruição do convívio social e ao isolamento dos indivíduos. Aquelas regras
simples repassadas por nossos avós estão em desuso e ações como:
cumprimentar os vizinhos, respeitar os idosos, agradecer as pessoas, pedir licença,
falar baixo e com educação, entre outras, viraram uma ofensa. Hoje, as pessoas
vêem as outras como possíveis ameaças a sua segurança, ao seu bem estar ou aos
seus bens materiais.
Além do desrespeito as regras de
convívio social, existe o constante desrespeito as leis que fazem nossas
vidas e cidades ficarem melhores. Leis simples como não jogar lixo nas ruas,
não colocar som alto após as 22hs ou em locais proibidos, não promover festas
ou eventos que causem perturbação a vizinhança, ou não depredar bens públicos e
privados. Esses delitos "simples", na verdade só refletem o quão mal
educada, desrespeitosa e egocêntrica é uma pessoa. Soma-se aí milhares de
outras fazendo o mesmo, e a vida das pessoas que tentam ser educadas se torna
um inferno, afinal quem faz o certo não é visto.
Essa má educação, que em outros
tempos era vista como coisa de "gente favelada", se propagou nas
classes média e alta, que estão replicando esse comportamento
controverso. Como resultado dessa degeneração social, temos os crimes mais
graves, que são fruto da má educação, da perturbação mental, e do instinto
predatório e violento do ser humano. As armas, as drogas, o dinheiro, os bens
materiais, não são os reais geradores da violência. O gerador da violência é o
homem! O ser humano não é capaz de lidar com as necessidades e dificuldades da
vida sem recorrer a meios ilícitos, destrutivos ou nocivos. Sem se drogar, sem
querer levar vantagem em tudo, sem passar o seu irmão pra traz para ter um
pouco mais de dinheiro, sem causar dor a um ou mais seres humanos apenas por um
doentio prazer momentâneo.
Os homens, em sua grande maioria,
ainda são prisioneiros de seus instintos primitivos e não sabem viver com
respeito, paz, saúde e dignidade. Eles ainda
necessitam ser controlados e guiados para que a sociedade não se destrua de vez. Esse controle da
maioria, do povão, é feito normalmente pelas religiões e pelo Estado. O
problema é que tipo de pessoas controlam as religiões e que tipo estão
nos governando? Pessoas tão ruins e problemáticas quanto as piores da
sociedade...Ou pessoas de bem, que tem o interesse na evolução e crescimento da
população?
Parece que uma sociedade de vida digna, feliz e de
evolução para todos é uma utopia cada vez mais distante de se alcançar. Nas
últimas quatro décadas de minha vida tenho visto a tecnologia evoluir de modo
expressivo e a sociedade lamentavelmente regredir. Antes as cidades tinham favelas, agora as favelas têm cidades.
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